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Songbook Vol.8 – Kim Alves

BIOGRAFIA

 

Joaquim Fernandes Pina Alves , Kim Alves, nasceu na Praia a 3 de Novembro de 1966, filho de João Alves (nho Djonsinho) e de Maria Eduarda Correia Fernandes Alves (nha Santinha).

O pai era pedreiro de profissão e nas horas vagas exercia barbearia e música, destacando-se como excelente violinista.

Essa veia musical paterna levou a que este se engajasse na formação musical dos seus futuros acompanhantes no seu conjunto de baile, ensinando a todos os seus filhos (machos) as lides musicais, pelo que o Kim, poder-se-à dizer, nasceu numa casa onde a música tocada ao vivo era uma presença constante.

Todos começavam no chocalho (duplo) feito com latas de leite condensado contendo sementes de “espinho preto”, progredindo para o cavaquinho e posteriormente para a viola 12 cordas, e, por fim, o violão, tudo isto com o fito de poderem acompanhar o pai, que tocava em bailes, funerais e cerimónias oficiais, juntamente com Cesário e Manel Clarinete.

Quanto ao Kim, os seus primeiros brinquedos foram cópias artesanais de instrumentos (fabricados pelo irmão mais velho João) e as suas brincadeiras eram musicais (organizavam “conjunto de latas” no terraço da sua casa, fazendo “rabulisu riba káza, ki ka ta kabâ” como atesta nha Santinha).

A sua precisào auditiva se revelou muito precocemente, pois mesmo antes de tocar os instrumentos de corda no grupo do pai, ele já era preferencialmente escolhido para afinar os cavaquinhos e violões dos tocadores do grupo, pois estes achavam que os instrumentos por ele afinados ficavam “más sábi”.

Aos seis anos de idade, Kim já tocava chocalho em bailes inteiros que terminavam, não raras vezes, em lágrimas provocadas pelo sono e pelo cansaço braçal.

Óbviamente, a seguir chegou a vez do cavaquinho, que aos sete anos já dominava, tocando bailes inteiros com o pai, e, segundo este, o Kim tocava cavaquinho “ ku xintidu déntu violon” , pois tocava de olhos fixos no executante do violão, fazendo-o, por vezes, perder o andamento na palheta, atenção que era recobrada por meio da famosa “arcada” na cabeça. É de salientar que a sua faceta de solista começou a revelar-se ainda no cavaquinho, onde já ensaiava solos de melodias populares.

Em casa, e às escondidas do pai, tentava reproduzir as habilidades que observava no violão, pelo que aos oito anos já participava nos bailes ao violão, tocado “ás avessas” pois o menino era, e ainda é, canhoto, mas mesmo assim já conseguia transpor simetricamente as ações observadas em tocadores dextros para o seu tocar esquerdino, tendo também aprendido a tocar a viola de 12 cordas. E foi nessa altura que foi presenteado com um violino de plástico, o seu primeiro violino.

Aos nove anos, e após muitas experiências às escondidas, em casa, com o violino do pai (ausente a trabalhar), ele recebeu a sua primeira lição de violino, na qual, para o espanto de todos em casa, ele conseguiu fazer tudo o que o pai lhe ia mostrando no outro violino.

Aos dez anos começou a compor solos para violão, inspirado pelos solos de Luís Rendall, Tazinho e Humbertona, tendo, por essa altura ganho o prémio de melhor instrumentista de cordas num concurso realizado na Praia, com os melhores músicos de todo o Cabo-Verde  na época. E isso, aos onze anos de idade.

Diz o pai : “ ele tinha apetência para o violino ou qualquer outro instrumento de corda, mas ele era do violão, era um solista nato e isto estava claro”.

Por tocar cavaquinho no conjunto da igreja, estreitou os laços de amizade com o padre Constantino, e assim passou a “fugir” de casa (desaparecia de casa por algumas horas e voltava) para ir ter aulas de teoria musical e de teclados no seminário de São José com o mesmo.

E foi assim o alicerce formativo musical do Kim Alves, um dos multi-instrumentistas mais completo e virtuoso que Cabo Verde já viu nascer.

.”

A sua adolescência foi dividida entre os estudos e a música. Segundo os pais “ele não deu trabalho, chegava com boas notas e estudava sózinho sem qualquer pressão externa”, e houve até um certo atrito com o pai por não ter querido continuar os estudos académicos (“cursar”) e ter preferido abraçar a música como modo de vida, facto que, a bem da verdade, já estava traçado pelos Deuses.

Passava horas estudando os instrumentos em casa, e assim foi progredindo para além das fronteiras musicais dadas a conhecer em casa, pelo pai.

Aos doze anos começou a musicar algumas poesias que escrevia, mas que tinha uma terrível vergonha de mostrar aos outros e, incentivado por Antero Simas, que ficou muito agradado com uma composição que o Kim lhe havia mostrado, o aconselhou vivamente a compor também líricamente.

Aos treze anos começaram as experiências fora do grupo Pai & Filhos, fundando o grupo SODADE, juntamente com David Brazão, Nhelas, Dany Carvalho e Zé Rui de Pina.

Aos quinze anos foi a segunda experiência com a fundação do grupo VOZ D’ÀFRICA, juntamente com Djedje de Mimizinha, Daniel Lobo, Manuel Lobo e Djodjo Alves (seu irmão).

Aos dezasseis anos foi convidado para tocar no conjunto ZECA SANTOS, onde só permaneceu por seis meses.

Consolidado o domínio das técnicas tradicionais, o Kim começou a explorar as músicas do mundo, que ouvia e tentava reproduzir fielmente “com todos os pontos e vírgulas”, como atesta o próprio.

Ele ia à casa do Tony Lima, que tinha o maior e mais diversificado acervo musical da Praia na época, para sentar, ouvir e gravar no gravadorzinho as músicas que depois iria “tirar” calmamente em casa. E foi assim que o Kim “consumiu” de tudo, desde música africana, sul-americana, norte-americana, árabe, oriental, europeia, indo desde músicas étnicas até à música moderna urbana, o que propiciou a sua multifaceteção e versatilidade musicais.

Tentava tirar “tudo o que lhe aparecia pela frente, desde que fosse algo diferente e não dominado ainda”, principalmente na guitarra e no violino, onde também tentava obter os efeitos sonoros e harmónicos de outros instrumentos que ouvia, mas não conhecia, e mais tarde nos sintetizadores.

Aos dezassete anos entrou, finalmente, naquela que seria a sua banda de referência e uma das maiores escolas de prática de conjunto e de evolução técnica musical jamais havida em Cabo Verde, o conjunto ABEL DJASSI, com o qual já colaborava clandestinamente, por proibição do pai que não via com bons olhos os conjuntos, pois estes constituíam, na sua opinião, um abrir das portas para a “ bandidéza ku máu vício”.

A sua capacidade musical fez dele o líder natural da banda, que se propunha (à sua semelhança) a tocar de tudo e a executar com obsessiva perfeição todas as técnicas instrumentais escutadas nas cassetes e discos de vinil.

A sua obsessão pelo domínio da sonoridade dos instrumentos que tocava (principalmente a guitarra e o violino) revelou-se desde cedo, pelo que passava horas a fio experimentando maneiras de produzir efeitos sonoros diferentes (tradutores fiéis da intençào emocional de uma frase melódica) com a mesma frase melódica, sem o recurso à utilizaçào de efeitos extra-instrumentais, sem se importar com as apreciações dos colegas que o consideravam “exagerado” neste aspecto.

O Abel Djassi, sob a liderança do Kim, constituiu-se no grupo musical com mais horas de ensaio e toque jamais havido em Cabo Verde, com as consequências daí decorrentes na formação dos músicos que dele faziam parte, sendo hoje todos eles nomes consagrados da música de Cabo Verde, tendo exercido influência musical determinante sobre vários conjuntos caboverdeanos, especialmente na diáspora, isto devido às várias actuações realizadas no estrangeiro (URSS, Suíça, França, Portugal, EUA, Senegal, Angola, São Tomé, etc), tendo também suportado pontualmente (com os seus músicos) os mais importantes conjuntos nacionais da época, por ocasião de falta de elementos.

Para além disso, o Abel Djassi, através do concurso “Todo o mundo canta”, propiciou o lançamento de vários artistas solo de renome, tais como Jorge Neto, José Silva, Sãozinha Fonseca, Toni Marques, Pulonga Bita, Calú Bana, Mário Lúcio etc.

Mas o maior feito do Abel Djassi foi ter revolucionado o conceito harmónico da música de Cabo verde, bem como o uso de timbres sonoros. Além disso, ainda hoje os seus ex-integrantes estão espalhados pelas bandas mais significativas do país e são altamente requisitados para trabalhos de estúdio, em virtude de suas qualidades técnicas.

E é nessa altura que, por contingência cirtunstancial, o Kim começou a tocar teclados no conjunto, sendo que a sua coordenação motora e consequente proeficiência fizeram com que assumisse definitivamente os teclados do conjunto (pois ninguém tocava como ele, executando várias funções orquestrais simultâneamente), pelo que desde então ele tem tocado teclados nos agrupamentos pelos  quais tem passado, o que justifica o facto do grande público, principalmente os mais novos, o associar exclusivamente aos teclados,  desconhecendo a sua verdadeira origem e paixão instrumental- o violão e seus afins.

Após a extinção do Abel Djassi, Kim ingressa nos TUBARÕES e mais tarde no FINAÇON, grupo no qual ele dirigiu musicalmente a feitura dos três últimos álbuns.

Em 1994 fixa residência nos EUA, onde é imediatamente contratado para trabalhar como músico de estúdio -no PERFECT SOUND- (atestando o nível musical que já tinha alcançado), começando a aprofundar os seus conhecimentos em engenharia sonora, ao mesmo tempo que se dedica à aprendizagem do manejo de instrumentos musicais indisponíveis em Cabo Verde (contrabaixo, violoncelo, flauta transversal, etc).

E é nesta fase que, após um acúmulo altamente significativo de experiências em direcçào musical, ele se lança definitivamente na carreira de produtor musical, produzindo músicos Haitianos e Jamaicanos.

Após essa primeira experiência de trabalho em estúdio, junta-se a um Haitiano – Frantz Rolles- para montarem um estúdio próprio de gravaçào ( o ROLL-IN-STUDIO) onde produziu vários artistas caboverdeanos, tais como Chandinho Dedé, Pulonga Bita, Zeca nha Reinalda, Zé Rui de Pina, Pai&Filhos (Tributo), Heavy H, entre outros.

Regressa a Cabo Verde em 1997, onde no período de um ano produziu Rabenta, Xéma Lópi, Codé di Dóna e Minó di mamá.

Em 1998 passa a residir em Portugal onde, até 2003, realizou 30 produções musicais, destacando-se o Batatoon (1 e 2), Augusto Cego, Zé Casimiro, Dj Beléza, Carlos Burity, Justino Delgado, Rui Sangará, Nanutu, Bana, Jorge Neto, Manel di Candinho, ATA Djudja, Bale Pena vol.1, entre outros.

 

Em 2003 regressa definitivamente a Cabo Verde, montando o seu próprio estúdio de gravação- o KMAGIC DIGITAL STUDIO-, com o propósito de franquear as portas da produção musical aos talentos musicais nacionais que não têm a possibilidade (a grande maioria) de mobilizar os avultados recursos financeiros necessários para a gravação no exterior, tendo, até esta data, realizado 34 produções musicais, destacando-se Pai&Filhos (Mimória), Meno Pexa, Chando Graciosa, Mário Lúcio, Zé Rui de Pina, Crianças di Térra, Pó di Térra, Heavy H, Djinho Barbosa, OBÁ, Nanutu, Milú di Funaná, Aga Salobra (Boa Vista), João e Carlos (Nos Sintanton) ,entre outros,e, por fim, o seu próprio trabalho discográfico – DANÇA DAS ILHAS, realizado após 36 anos de carreira musical.

A 14 de Outubro de 2005 foi condecorado com o primeiro grau da medalha de mérito, pelo primeiro ministro, Dr. José Maria Neves.

A 24 de Março de 2006 foi homenageado pelo Ministro da Cultura, Dr. Manuel Veiga, passando a fazer parte da galeria de honra dos homens de cultura de Cabo Verde, no palácio da cultura Ildo Lobo.

A 05 de Julho de 2006 foi condecorado com a primeira classe da ordem do Vulcão, pelo presidente da República, comandante Pedro Pires.

Todas as condetrações foram por mérito cultural no domínio da música.

É de salientar que, desde a época do Abel Djassi, o Kim Alves foi o primeiro músico caboverdeano a “ousar” mexer (com propriedade) nos parâmetros sonoros dos sintetizadores, a dominá-los e a configurá-los ao seu bel-prazer, criando novos timbres.

E dessas experiências nasceu o engenheiro de som, que nos EUA complementou seus estudos (como autodidata), tornando-se no mais experiente e ousado engenheiro de som caboverdeano da actualidade, que ousa introduzir métodos próprios de captação e mistura e é o único engenheiro caboverdeano a realizar masterizaçòes, apesar de nào ser “diplomado” oficialmente por uma escola.  E como se isso não bastasse, ele tornou-se também, após estas andanças, num multi-instrumentista de nível internacional, tocando com refinado virtuosismo os violões de 6, 10 e 12 cordas, o cavaquinho, o violino, o violoncelo, o contrabaixo, o baixo eléctrico, a guitarra eléctrica, a guitarra Portuguesa, a guitarra Havaiana, o bandolim, o banjo, o piano, os sintetizadores, a flauta transversal, o acordeão, a harmónica, o balafon, o korá, a kalimba, o shimen (Índia), o koto (Japão), a bateria e percurssões diversas, entre outros.

E é claro que estes atributos, aliados à sua extrema sensibilidade musical interpessoal e ao seu à vontade nas diversas linguagens musicais do mundo, fazem dele um produtor e director musical de rara qualidade, um orgulho para os caboverdeanos. Apesar da máxima que afirma que “santo de casa não faz milagres”, seria caso para ripostar dizendo que este santo faz milagres em casa, sim senhor, ficando sómente a casa por reconhecer os milagres do seu santo.

KWAME GAMAL

Joaquim Fernandes Pina Alves, Kim Alves, was born in Praia on November 3, 1966, the son of João Alves (known as Nho Djonsinho) and Maria Eduarda Correia Fernandes Alves (known as Nha Santinha).

His father was a mason by profession and, in his spare time, practiced barbering and music, standing out as an excellent violinist. This paternal musical vein led him to engage in the musical training of his future accompanists in his dance group, teaching all his sons (males) the musical arts. Therefore, it can be said that Kim was born into a home where live music was a constant presence.

Everyone began with a homemade double shaker, made from condensed milk cans containing “black thorn” seeds, progressing to the cavaquinho (a small string instrument similar to a ukulele) and later to the twelve-string guitar, and finally the regular guitar, all with the aim of accompanying their father, who played at dances, funerals, and official ceremonies, along with Cesário and Manel Clarinete.

As for Kim, his first toys were handmade copies of instruments (made by his older brother João), and his playtime involved music (organizing a “can band” on their terrace, making “racket on the house that never ended,” as Nha Santinha testifies). His auditory precision was revealed very early on, as even before playing string instruments in his father’s group, he was already preferred for tuning the cavaquinhos and guitars of the group’s players, who believed that instruments tuned by him sounded “sweeter.”At six years old, Kim was already playing the shaker at entire dances, which often ended with him in tears from sleep and arm fatigue. Naturally, the next step was the cavaquinho, which he mastered by age seven, playing entire dances with his father. According to his father, Kim played the cavaquinho “with a sense inside the guitar,” as he would play with his eyes fixed on the guitar player, occasionally causing him to lose rhythm, only to be refocused by a famous “tap” on the head. Notably, his talent as a soloist began to show on the cavaquinho, where he was already practicing solos of popular melodies.At home, and in secret from his father, he tried to reproduce the skills he observed on the guitar. By the age of eight, he was participating in dances on the guitar, playing “backwards” since he was, and still is, left-handed, but still managed to transpose observed actions of right-handed players into his left-handed play style. He also learned to play the twelve-string guitar. At this time, he received a plastic violin, his first violin.At nine, after many secret experiments at home with his father’s violin (in his father’s absence), he received his first violin lesson, in which, to everyone’s amazement, he could perform everything his father showed him on the other violin.At ten, he began composing guitar solos inspired by the solos of Luís Rendall, Tazinho, and Humbertona. Around this time, he won the prize for best string instrumentalist in a competition held in Praia with the best musicians from all over Cape Verde at the time. This was at the age of eleven.His father said, “He had a knack for the violin or any other string instrument, but he belonged to the guitar; he was a born soloist, and this was clear.”

Playing cavaquinho in the church group strengthened his friendship with Father Constantino, leading him to “sneak away” from home (disappearing for hours and then returning) to take music theory and keyboard lessons with Father Constantino at the São José Seminary. And so was the formative musical foundation of Kim Alves, one of the most complete and virtuosic multi-instrumentalists Cape Verde has ever seen.In his adolescence, he balanced his studies with music. According to his parents, “he didn’t cause trouble; he came home with good grades and studied on his own without any external pressure.” There was even some tension with his father because he didn’t want to continue his academic studies and instead chose to embrace music as his way of life, a destiny that, in truth, was already ordained by the gods.He spent hours studying instruments at home, progressing beyond the musical boundaries introduced by his father. At twelve, he began setting some of his own poetry to music, although he was terribly shy about showing it to others. Encouraged by Antero Simas, who was pleased with a composition Kim showed him, he was advised to also compose lyrics.At thirteen, he started exploring outside his family’s group, forming the group SODADE with David Brazão, Nhelas, Dany Carvalho, and Zé Rui de Pina. At fifteen, he founded his second group, VOZ D’ÀFRICA, with Djedje de Mimizinha, Daniel Lobo, Manuel Lobo, and Djodjo Alves (his brother). At sixteen, he was invited to play with the ZECA SANTOS group, where he stayed for only six months.Having mastered traditional techniques, Kim began exploring world music, listening to and trying to reproduce it faithfully “with all the dots and commas,” as he himself testifies. He would go to Tony Lima’s house, which had the largest and most diverse music collection in Praia at the time, to listen and record the music on his small recorder, which he would later transcribe slowly at home. This is how Kim absorbed everything, from African, South American, North American, Arabic, Oriental, and European music, ranging from ethnic music to modern urban music, enhancing his multifaceted and versatile musical abilities.He tried to learn “everything that appeared before him as long as it was something different and not yet mastered,” especially on guitar and violin, where he also attempted to reproduce the sound and harmonic effects of other instruments he heard but did not know, and later on synthesizers.At seventeen, he joined the band that would become his main reference and one of the greatest schools of ensemble practice and technical musical evolution ever seen in Cape Verde, the ABEL DJASSI ensemble, with whom he already collaborated clandestinely, against his father’s wishes, who disapproved of bands, viewing them as a gateway to “bad company and vice.”His musical ability made him the natural leader of the band, which aimed (like him) to play everything and execute all instrumental techniques heard on cassettes and vinyl records with obsessive perfection.His obsession with mastering the sound of the instruments he played (mainly guitar and violin) manifested early, as he would spend hours experimenting with ways to produce different sound effects (true translations of the emotional intention of a melodic phrase) using the same phrase, without resorting to extra-instrumental effects, disregarding his colleagues’ opinions, who found him “excessive” in this regard.

Abel Djassi, under Kim’s leadership, became the musical group with the most hours of rehearsal and performance ever in Cape Verde, with significant impacts on the development of its musicians, who are now all prominent names in Cape Verdean music. It has also influenced many Cape Verdean bands, particularly in the diaspora, due to various performances abroad (USSR, Switzerland, France, Portugal, USA, Senegal, Angola, São Tomé, etc.), and its members occasionally supported prominent national ensembles.Furthermore, Abel Djassi launched several renowned solo artists, such as Jorge Neto, José Silva, Sãozinha Fonseca, Toni Marques, Pulonga Bita, Calú Bana, Mário Lúcio, etc., through the “Everyone Sings” contest.One of Abel Djassi’s greatest achievements was revolutionizing Cape Verdean music’s harmonic concept and sound timbres. Today, its former members are spread across significant bands in the country and are highly sought after for studio work due to their technical qualities.Due to circumstance, Kim began playing keyboards in the band, where his motor coordination and proficiency led him to permanently take on the keyboard role, as no one played like him, executing multiple orchestral functions simultaneously. Since then, he has played keyboards in all the groups he has joined, which explains why the public, especially younger people, associate him primarily with keyboards, unaware of his true origin and passion – the guitar and its variations.After Abel Djassi dissolved, Kim joined the TUBARÕES and later FINAÇON, where he directed the musical creation of the last three albums.In 1994, he moved to the USA, where he was immediately hired as a studio musician at PERFECT SOUND, marking his musical level. Here, he began expanding his knowledge in sound engineering and learning to play musical instruments unavailable in Cape Verde (double bass, cello, flute, etc.).

It was at this stage, after significant experience in musical direction, that he launched his career as a music producer, producing Haitian and Jamaican musicians.After this first studio experience, he partnered with a Haitian, Frantz Rolles, to open their own recording studio – the ROLL-IN-STUDIO – where he produced several Cape Verdean artists, such as Chandinho Dedé, Pulonga Bita, Zeca Nha Reinalda, Zé Rui de Pina, Pai & Filhos (Tribute), Heavy H, among others.He returned to Cape Verde in 1997, producing Rabenta, Xéma Lópi, Codé di Dóna, and Minó di Mamá over the course of a year.

In 1998, he moved to Portugal, where he produced 30 musical projects until 2003, including Batatoon (1 and 2), Augusto Cego, Zé Casimiro, DJ Beléza, Carlos Burity, Justino Delgado, Rui Sangará, Nanutu, Bana, Jorge Neto, Manel di Candinho, ATA Djudja, Bale Pena Vol.1, and more.In 2003, he returned permanently to Cape Verde, setting up his own recording studio – KMAGIC DIGITAL STUDIO – with the purpose of opening the doors of music production to local talents who, in most cases, do not have the financial means to record abroad. To date, he has completed 34 music productions, including works for Pai&Filhos (Mimória), Meno Pexa, Chando Graciosa, Mário Lúcio, Zé Rui de Pina, Crianças di Térra, Pó di Térra, Heavy H, Djinho Barbosa, OBÁ, Nanutu, Milú di Funaná, Aga Salobra (Boa Vista), João e Carlos (Nos Sintanton), among others, and, finally, his own discographic work – DANÇA DAS ILHAS, completed after a 36-year musical career.On October 14, 2005, he was awarded the first degree of the merit medal by the Prime Minister, Dr. José Maria Neves.On March 24, 2006, he was honored by the Minister of Culture, Dr. Manuel Veiga, and was included in the hall of honor of the cultural figures of Cape Verde at the Ildo Lobo Cultural Palace.On July 5, 2006, he was awarded the first class of the Order of the Volcano by the President of the Republic, Commander Pedro Pires.All these honors were in recognition of his cultural merit in the field of music.It should be noted that, since the era of Abel Djassi, Kim Alves was the first Cape Verdean musician to “dare” to experiment with (skillfully) the sound parameters of synthesizers, mastering and configuring them as he pleased, creating new tones.From these experiments, the sound engineer emerged, who furthered his studies in the USA (as a self-taught learner), becoming the most experienced and daring Cape Verdean sound engineer of today, who dares to introduce his own recording and mixing methods and is the only Cape Verdean engineer to carry out mastering, despite not being “officially” certified by any school.And as if that weren’t enough, he also became, through these ventures, an international-level multi-instrumentalist, playing with refined virtuosity the 6, 10, and 12-string guitars, the cavaquinho, violin, cello, double bass, electric bass, electric guitar, Portuguese guitar, Hawaiian guitar, mandolin, banjo, piano, synthesizers, transverse flute, accordion, harmonica, balafon, korá, kalimba, shimen (India), koto (Japan), drums, and various percussion instruments, among others.These attributes, combined with his profound musical sensitivity and his ease with various musical languages worldwide, make him a rare quality producer and musical director, a pride for Cape Verdeans. Despite the saying that “a prophet is not without honor except in his own country,” it would be fitting to respond that this prophet indeed performs wonders at home, with only his homeland yet to fully acknowledge his miracles.